terça-feira, 15 de setembro de 2009

PÚBLICAS SÃO MELHORES

Em tempos de questionamento dos dogmas neoliberais esta deveria ter sido a manchete da mídia quando da divulgação feita pelo INEP dos dados relativos ao desempenho dos cursos das instituições de ensino superior.No inicio do mês de setembro o Inep divulgou os resultados obtidos pelos cursos de graduação que participaram do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes em 2008. No total são 7.329 os cursos avaliados, nas áreas de matemática, letras, física, química, biologia, pedagogia, arquitetura e urbanismo, história, geografia, filosofia, computação, ciências sociais e engenharia, além de cursos da área de tecnologia em alimentos, análise e desenvolvimento de sistemas, automação industrial, construção de edifícios, fabricação mecânica, gestão da produção industrial, manutenção industrial, processos químicos, redes de computadores e saneamento ambientalSegundo o portal do Inep foram apresentados, para cada um dos cursos, o Conceito Enade e o Conceito Preliminar de Curso (CPC). A tabela de resultados ainda traz o número de alunos ingressantes e concluintes presentes no Enade, as médias dos dois grupos na formação geral, específica e global da prova e o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (Conceito IDD). O Conceito Enade 2008 reflete a média obtida pelos estudantes concluintes dos cursos avaliados. O CPC tem como base o desempenho dos estudantes no Enade e o próprio IDD, que aponta o quanto o curso agrega de conhecimento ao aluno, além de variáveis de insumo como corpo docente, infraestrutura e organização didático-pedagógica do curso. Considero que os dados extraídos do CPC são os mais relevantes, por que avaliam não só o desempenho dos alunos nas provas, mas também as condições oferecidas para que tal resultado seja alcançado. Uma das novidades interessantes do Enade foi considerar que o que deve ser medido é o quanto a instituição acrescentou de conhecimento ao aluno, pois o estágio de entrada destes é bem diferenciado. Encontrar o que foi agregado de conhecimento é fundamental.Tentarei comentar vários aspectos dos dados divulgados. Hoje comento o fato de que as instituições públicas estão melhor avaliadas que as privadas, mostrando que, ao contrário do que afirmaram os arautos neoliberais, na área pública é que se faz pesquisa e se investe numa educação de qualidade, mesmo com todas as dificuldades.Foi detectado que 21,37% das instituições apresentam notas de 1 a 2, ou seja, possuem desempenhos muito ruins. A rede privada possui 24,18% de suas instituições nesta situação, enquanto que a rede pública são 16%. No outro extremo da tabela, temos apenas 12,46% das instituições com notas de 4 a 5. A rede pública possui 23,26% de suas instituições neste intervalo, enquanto que a rede privada apenas 6,80%.
Texto retirado do Blog do Luiz Araujo

EQUADOR ESTÁ LIVRE DO ANALFABETISMO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) declarou o Equador como país livre de analfabetismo, após dois anos de esforços para a alfabetização de aproximadamente 420 mil pessoas no país. A cerimônia oficial ocorreu na província de Manta, na costa do Pacífico, a 25 dias do prazo de dois anos fixado no dia 14 de agosto de 2007, quando o presidente Rafael Correa anunciou a meta de reduzir o índice de 9,3% de equatorianos analfabetos maiores de 15 anos. O programa foi implementado dias depois em Monjas, província de Chimborazo (centro do país) e, hoje, comprova-se uma redução de quase sete pontos percentuais, restando apenas 2,7% da população sem saber ler e escrever.Segundo a Unesco, um país está pronto para solicitar essa declaração em escala internacional quando sua população analfabeta não supera 3,9% do total de habitantes. A diretora de Educação Popular do Ministério de Educação equatoriano, Mery Gavilanes, explicou à imprensa que em províncias como Chimborazo, Cotopaxi, Bolívar e Manabí havia cerca de 19% de pessoas analfabetas quando a campanha começou. Na implementação da mesma, foram criados cinco subprogramas: Manuela Sáenz, dirigido à população mestiça; Dolores Cacuango, para comunidades indígenas e campesinas; Vontade, para presos; Cordão fronteiriço, para habitantes desse setor; e de Capacidades diferentes, para pessoas portadoras de necessidades especiais.Inicialmente, nas áreas rurais, foram contratados 12 mil alfabetizadores que tiveram a ajuda de 190 mil estudantes secundaristas, cujo trabalho de alfabetização converteu-se em requisito para a obtenção do título de aprovação. O programa Manuela Sáenz ensinou a população mestiça com material em espanhol. Foram distribuídos 500 mil livros em todo o país. O programa Dolores Cacuango só educou em kichwa, segundo idioma mais falado da família das línguas quéchuas empregadas no Equador, mas está em processo de elaboração de materiais em outros idiomas maternos, para diferentes nacionalidades. Já o Vontade, foi desenvolvido em 34 centros de reabilitação social do país. O Cordão fronteiriço trabalhou nas nove províncias localizadas na fronteira com Peru e Colômbia. No caso das pessoas com deficiência visual, foram adotados materiais como o ábaco e o sistema Braille.Esta matéria foi publicada pela Telesur e traduzida por Katarina Peixoto para Agência Carta Maior.
Blog do Luiz Araujo

ENSINO COM FRACO DESEMPENHO

Os dados publicados pelo INEP sobre o ensino superior são preocupantes. Eles mostram que o congelamento do percentual de investimentos públicos em relação ao PIB no ensino superior, aliado a sede de lucros fáceis do setor privado, constitui em combinação explosiva para o futuro do país.O CPC – Conceito Preliminar de Curso é um indicador interessante para demonstrar a afirmativa acima. O CPC tem como base o desempenho dos estudantes no Enade e o próprio IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado), que aponta o quanto o curso agrega de conhecimento ao aluno, além de variáveis de insumo como corpo docente, infraestrutura e organização didático-pedagógica do curso. Pelos dados colhidos nos cursos que participaram do Enade, que representam quase 66% do total, a situação é alarmante. De um total de 4819 cursos, apenas 105 conseguiram alcançar a nota máxima (05), ou seja, apenas 2,2%. Como o universo atingido é bastante representativo e distribuído por todos os estados e por todos os tipos de instituições de ensino, o dado mostra a tragédia da falta de qualidade do ensino superior. Mesmo que agreguemos os cursos com nota 4 e 5, eles representam apenas 18,9%. No outro extremo temos 32,5% com notas 1 e 2 e quase a metade dos cursos (48,6%) situados na nota 3.Como já destaquei na postagem do dia anterior, os dados deixam claro que a má qualidade está situada principalmente, mesmo que não exclusivamente, na área privada. Isso é fruto de anos de desregulamentação, perda de capacidade fiscalizadora por parte do Estado Brasileiro e crescimento desenfreado de cursos particulares em nosso país.Ao se publicar um indicador mais complexo do que simplesmente a nota de saída dos alunos a verdade nua e crua aparece mais nitidamente.
Texto retirado do blog do Luiz Araujo

A LITERATURA UNIVERSAL E SUA DIVULGAÇÃO NO BRASIL

Camões, por François Gérard
Saiu uma edição extra da revista Discutindo Literatura, editada em São Paulo, sob a coordenação-geral da escritora e professora Clenir Belezi de Oliveira.
Entre os temas deste volume, destaque para o trabalho de Paulo Martins sobre Édipo Rei, de Sófocles; de Clenir Belezi de Oliveira, sobre Iracema, de José de Alencar e de Fernando Oliveira, sobre o histórico e irreverente O Pasquim, agora reeditado em livro.
Também é destaque o ensaio de Mário Domingues sobre o genial Paulo Leminski; de Clenir Belezi de Oliveira sobre Os Lusíadas, de Luís de Camões; de Andersen Medeiros, sobre Monteiro Lobato; e de Eliane Fittipaldi sobre o poema Corvo, de Edgar Alan Poe.

Paulo Leminski
Num país carente de cultura, de biblioteca pública, de teatro e de sala de cinema, uma publicação como Discutindo Literatura é por demais auspiciosa. À comunidade cultural brasileira, agora, fica a tarefa de prestigiar iniciativas como esta.

Texto retirado da revista eletronica Nos fota dos eixos: www.nosrevista.com.br

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

CHE GUEVARA

Não há outro caminho: ou Revolução socialista ou caricatura de Revolução. Isto quer dizer uma guerra longa. Toda nossa ação é um grito de guerra contra imperialismo e um apelo veemente à unidade dos povos contra o inimigo da humanidade: os Estados Unidos...
"Os jovens... e eu me vejo como um... nós precisamos estudar e estudar pesado. Nós não devemos dizer que meus olhos ardem ou que eu não gosto de ler, que eu fico cansado, que não há óculos, que eu tenho muita vigia, que as crianças não me deixam dormir... todas essas coisas que as pessoas levantam. Nós precisamos estudar por todos os meios."
Che Guevara

O LIXÃO E AS CONDIÇÕES DE VIDA DE NOSSOS INTOCÁVEIS

Por Eustáquio Ferreira *Especial para Nós – Fora dos Eixos

Reciclar o lixo é uma necessidade social.
Fotos publicadas nos últimos dias mostraram homens, mulheres e até crianças trabalhando no lixão da Estrutural. As fotos causaram repugnância e desconforto pela insalubridade e pela degradante condição de trabalho daquelas pessoas. Tudo tão próximo do centro do poder.
Reações diversas foram captadas. Os moradores das cercanias viram naquela aglomeração uma oportunidade de fazer algum dinheiro com o comércio de alimentos para os catadores de material reciclável. Mas a população, em geral, sente-se impossibilitada de intervir neste processo e o vê como uma responsabilidade do poder público, a quem cabe manter as cidades saneadas, promovendo a coleta e a disposição final dos resíduos sólidos.
Muito pouco se tem feito a respeito da melhoria dos processos de coleta e disposição final. Ainda dependemos de caminhões que passam com certa regularidade, coletam os resíduos e os lançam em áreas distantes dos centros urbanos e de preferência de difícil acesso. Longe dos olhos das pessoas.
O lixo tomou importância econômica pelo alto índice de reciclagem alcançado pelo país. É penoso reconhecer que esses ganhos econômicos se fazem à custa de trabalho subumano a que são submetidas estas populações que à falta de outras oportunidades se vêm obrigadas a trabalhar em tais condições para obter o seu sustento.
PRIMEIROS PRÉDIOS
Brasília já empreendeu algumas tentativas de tratar o lixo de forma a reduzir o seu manuseio. Os primeiros prédios eram dotados de dutos interligados a alçapões em cada apartamento. Estes alçapões permitiam o lançamento direto do lixo a partir do apartamento, o qual caia diretamente no compartimento a ele destinado no térreo.
O impacto dos sacos na lixeira do térreo e o lançamento de alimentos sem acondicionamento correto transformavam aqueles dutos em depósito de alimentos para insetos e roedores. Isso levou ao abandono daquele modo de construir e ao fechamento dos alçapões nos prédios antigos que os continham.
A primeira usina de tratamento construída ali na Avenida das Nações tinha uma rampa lançadora dos sólidos. Esta rampa deveria lançar mais longe os materiais de maior densidade, como o ferro e outros metais, um pouco menos longe o vidro e assim separaria os resíduos permitindo o seu uso em reciclagem. O processo não era tão eficiente e na próxima estação de tratamento construída na Cinelândia não havia nada parecido. Tudo é lançado em uma vala de concreto e depois içado por uma grua que leva os resíduos a esteiras onde se dá a separação dos materiais recicláveis. Há um intensivo contato com os resíduos e a usina tem reduzida capacidade de processamento.
Sobram então os lixões com a degradação das pessoas e do meio ambiente! Mas o que resta além da indignação da população com as condições de trabalho dessas pessoas?
Não custa repetir que a população de Brasília, quando quer e tem apoio do poder público pode fazer muito – vide o caso das faixas de pedestres. Neste caso pode-se praticamente retirar todos aqueles que trabalham no lixão e dar-lhes a possibilidade de trabalhar condignamente. O acondicionamento do lixo residencial, dos escritórios, do comércio e da indústria em recipientes separados: papéis, metais, plásticos, vidros, químicos e orgânicos permitiria que aqueles que trabalham no lixão o recolhessem sem necessidades de se lançarem nos containeres ou que os esperassem no lixão para separá-los.
A coleta seletiva é uma promessa sempre adiada. Ela poderá redimir aqueles compatriotas e reduzir a agressão ao meio ambiente.
Serviço
* Eustáquio Ferreira é escritor e blogueiro.estaquioferreirasantos@gmail.comambienciabrasilia.blogspot.com

terça-feira, 8 de setembro de 2009

AQUECIMENTO GLOBAL

Por Paulo Madeira *
O desequilíbrio climático está aí. Ver isto não é paranóia nem adesão a crenças fantasiosas, apocalípticas, escatológicas. Estamos, sim, com uma “batata quente” nas mãos.
É, pois, premente deter o progresso desse calor desarrumador de geografias climáticas e, a partir delas, de potencialmente explosivas geografias políticas. Esta é uma situação que impõe mudanças, estejamos ou não motivados para fazê-las. A menos que, como num sonho mágico, conseguíssemos, sem sacrifícios, esfriar essa “batata”…
Mas, não sendo isto tecnicamente realista, resta-nos, de todos os modos sensatos, tentar conter o calor em níveis não destrutivos. Vai ser preciso atuar, educando, sobre bilhões de pessoas pelo Mundo afora. Fazê-las modificarem hábitos. Tarefa nada fácil. Mas, não impossível. Mesmo porque será fazer ou morrer…
Demandará algum desconforto. Bem conhecido, aliás, de vez que tantas pessoas, em todos os tempos e lugares, já o experimentaram. E outras, por aqui, neste momento, estão conhecendo-o, por força da crise econômica mundial.
Mas que “desconforto” é esse? Ah, ter de reduzir consumos excessivos. Baixar padrões de vida. O famoso way of life dos ricos. Só isso. Os que vivem esbanjando, precisarão baixar a bola, passarem a viver sem tantos supérfluos. O que não será nenhuma calamidade, vamos combinar…
Veja este emblemático exemplo. A sociedade dos cardiologistas americanos anunciou, no final de agosto de 2009, que a epidemia de obesidade deles melhorará muito se e quando eles simplesmente reduzirem para um terço a quantidade de açúcar que consomem hoje. Ora, claro que isto não tornaria suas vidas amargas. Elas continuariam agradavelmente adocicadas. E seguramente menos enjoativas. E, ainda melhor, mais saudáveis! Portanto, nem sempre o diabo é tão feio e tão mau como se poderia pensar… Às vezes ele é até mais ajuizado, como neste caso…

O efeito estufa é uma realidade assustadora
Moral desta estória: Hábitos podem, e às vezes precisam, ser modificados! Neste exemplo, para melhorar a saúde individual. E para melhorar a saúde do Planeta…? Por tabela, a coletiva? Claro que, para isto, haverá outros hábitos a modificar. E claro que não será tão simples. Afinal, é enorme a quantidade de indivíduos que não mudam, nem por vital interesse pessoal, e continuam comendo excesso de açúcar, e morrem…
Quanto mais quando os resultados da mudança estarão diluídos e não tão egoística e imediatisticamente visíveis. Será que a comunidade planetária terá o mesmo comportamento mórbido dos comedores de açúcar, mesmo depois de conscientizada sobre as consequências?
Ou ela conseguirá deixar de poluir e desperdiçar água, por exemplo? Parece tão factível quanto reduzir o consumo de açúcar. Se o calor mudar o regime de chuvas, desertificando vastas extensões de territórios, poderemos ficar com ainda menor quantidade de água doce.
E aí as sociedades humanas precisarão dispor-se a transferir recursos, principalmente os que estão tendo uso abusivamente predatório, para aplicá-los onde eles forem prementemente vitais.
Hoje, comunidades ricas desperdiçam-nos, enquanto outras, pobres, morrem à míngua deles. Será que o aquecimento global que, atenção!, não é castigo de Deus!, Funcionará como um bom freio de arrumação que melhorará isto? E levará os muito ricos a abrirem mão de seus paradoxais ‘supérfluos indispensáveis’? Como deveriam fazer com os anormais ‘supérfluos prejudiciais’, como o açúcar?
Se não o fizerem por solidariedade, ao menos precisarão criar juízo e fazerem por MEDO. De quê? De conflagrações de hordas de refugiados climáticos esfomeados.
Quem sobreviver (ao calor) verá…
* Paulo Madeira é cronista,
licenciado em filosofia, psicologia
e sociologia
pela UFRJ – Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
É autor de
Incertas Certezas
e Crenças Incríveis. www.thesaurus.com.br
Temas: -->
Coluna Palpites Irresponsáveis (Pitacos)

CÂMARA APROVA LIMITE DE ALUNOS EM SALA DE AULA

Câmara aprova limite de alunos em sala de aula
Enfim uma boa noticia oriunda do Congresso Nacional. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta semana a proposta que limita o número de alunos por professor nas salas do ensino infantil, básico e fundamental. A autoria da proposta é do deputado federal Ivan Valente (PSOL/SP). Foi este deputado que apresentou na Câmara a Proposta de PNE da Sociedade Civil.
O projeto estabelece que turmas do ensino médio e dos quatro anos finais do ensino fundamental (6 a 9 anos) não ultrapassem os 35 alunos. Já turmas dos primeiros cinco anos do fundamental serão limitadas a 25 estudantes.
Aprovada em caráter terminativo na comissão, a proposta vai agora para o Senado.
O texto altera a Lei de Diretrizes e Bases, que não estabelece limite de alunos. Para creches e pré-escola, os novos parâmetros variam por faixa etária: cinco crianças de até 1 ano por professor; oito de 1 a 2 anos; 13 de 2 a 3 anos; e 15 de 3 a 4 anos. Para crianças de 4 a 5 anos, o limite é de 25 alunos por adulto. As mudanças valeriam para o ensino público e o privado.
Quando foi elaborado o parecer sobre plano de carreira para o magistério esta questão apareceu e, infelizmente, foi retirada do texto final da Resolução nº 2 aprovada pela Câmara de Educação Básica.
Espero que seja aprovada no Senado e se estabeleça o mínimo de condições para o exercício do magistério em nosso país. Isso é tão importante quanto pagar o piso salarial previsto em lei. Sem condições dignas de trabalho não existe possibilidade de se falar em qualidade na educação.
BLOG: http://www.rluizaraujo.blogspot.com/

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

OS ATAQUES AO MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra responde aos recentes ataques veículados em diferentes meios de comunicação.
Fizemos uma mobilização em todo o país e um acampamento em Brasília em defesa da Reforma Agrária e obtivemos vitórias importantes, relacionadas à solução dos problemas dos trabalhadores do campo. A jornada de lutas conquistou do governo federal medidas muito importantes, embora estejamos longe da realização da Reforma Agrária e da consolidação de um novo modelo agrícola. Além disso, demonstrou à sociedade e à população em geral, que apenas a organização do povo e a luta social podem garantir conquistas para os trabalhadores e trabalhadoras.
A principal medida do governo, anunciada durante a jornada, é a atualização dos índices de produtividade, que são utilizados como parâmetros legais para a desapropriação de terras para a Reforma Agrária. Os ruralistas, o agronegócio e a classe dominante brasileira fecharam posição contra a revisão dos índices e passaram a utilizar os meios de comunicação para pressionar o governo a voltar atrás.
Essas conquistas deixaram revoltados aqueles que defendem apenas seus interesses, patrimônio e lucro, buscando aumentar a exploração dos trabalhadores, da natureza e dos recursos públicos. Nesse contexto, diversos órgãos da imprensa burguesa – os verdadeiros porta-vozes dos interesses dos capitalistas no campo – como revista Veja, O Estado de S. Paulo, Correio Braziliense, Zero Hora e a TV Bandeirantes, passaram a atacar o Movimento para inviabilizar medidas progressistas conquistadas com a luta.
Não há nenhuma novidade na postura política e ideológica desses veículos, que fazem parte da classe dominante e defendem os interesses do capital financeiro, dos bancos, do agronegócio e do latifúndio, virando de costas para os problemas estruturais da sociedade e para as dificuldades do povo brasileiro. Desesperados, tentam requentar velhas teses de que o movimento vive às custas de dinheiro público. Aliás, esses ataques vêm justamente de empresas que vivem de propaganda e recursos públicos ou que são suspeitas de benefícios em licitações do governo de São Paulo, como a Editora Abril.
Diante disso, gostaríamos de esclarecer a nossos amigos e amigas, que sempre nos apóiam e ajudam, que nunca recebemos nem utilizamos dinheiro público para fazer qualquer ocupação de terra, protesto ou marcha. Todas as nossas manifestações são realizadas com a contribuição das famílias acampadas e assentadas e com a solidariedade de cidadãos e entidades da sociedade civil. Temos também muito orgulho do apoio de entidades internacionais, que nos ajudam em projetos específicos e para as quais prestamos conta dos resultados em detalhes. Todos os recursos de origem do exterior passam pelo Banco Central. Não temos nada a esconder.
Em relação às entidades que atuam nos assentamentos de Reforma Agrária, que são centenas trabalhando em todo o país, defendemos a legitimidade dos convênios com os governos federal e estaduais e acreditamos na lisura do trabalho realizado. Essas entidades estão devidamente habilitadas nos órgãos públicos, são fiscalizadas e, inclusive, sofrem com perseguições políticas do TCU (Tribunal de Contas da União), controlado atualmente por filiados ao PSDB e DEM. Desenvolvem projetos de assistência técnica, alfabetização de adultos, capacitação, educação e saúde em assentamentos rurais, que são um direito dos assentados e um dever do Estado, de acordo com a Constituição.
Não esperávamos outro procedimento desses meios de comunicação. Os ataques contra o Movimento são antigos e nunca passaram da mais pura manifestação de ódio dos setores mais reacionários da classe dominante contra trabalhadores rurais que se organizaram e lutam por seus direitos. Vamos continuar com as nossas mobilizações porque apenas a pressão popular pode garantir o avanço da Reforma Agrária e dos direitos dos trabalhadores, independente da vontade da classe dominante e dos seus meios de comunicação.

SECRETARIA NACIONAL DO MST